As previsões meteorológicas têm melhorado ao longo dos anos e estão cada vez mais precisas

As previsões meteorológicas são muitas vezes vistas como uma informação falível, à qual está associada muita incerteza. No entanto, a evolução da qualidade das previsões tem sido grande nos últimos anos.

Chuva
As previsões do estado do tempo fazem parte do dia a dia das pessoas.

Apesar de existir sempre um menor ou maior grau de incerteza associado às previsões do estado do tempo, estas têm melhorado ao longo dos anos, principalmente as previsões que dizem respeito a períodos de tempo mais longos. As previsões a 7 dias estão a atingir atualmente o nível de qualidade das previsões a 5 dias de há uns anos atrás.

Importância das previsões meteorológicas

As previsões meteorológicas são utilizadas não só para informação das pessoas em geral, para o seu dia a dia, mas também para a tomada de decisões a nível socioeconómico e acima de tudo são absolutamente cruciais na salvaguarda de vidas e bens.

Previsões exatas podem salvar vidas, avisando-nos atempadamente de tempestades, ondas de calor e catástrofes. Os agricultores utilizam-nas para a gestão agrícola, o que pode fazer a diferença entre uma colheita perdida ou uma colheita abundante.

Os operadores de rede elétrica dependem de previsões exatas das temperaturas para satisfazer a procura de aquecimento e arrefecimento, bem como da quantidade de energia que obterão dos parques eólicos e solares. Para a segurança dos meios de transporte, desde os aéreos aos marítimos, é imprescindível a previsão meteorológica.

Agricultura
O setor da agricultura está muito dependente das condições meteorológicas.

A informação exata sobre as condições meteorológicas futuras, no caso de eventos extremos, é muitas vezes absolutamente vital. Podem ser uma questão de vida ou de morte.

Evolução das previsões meteorológicas

A previsão do tempo já percorreu um longo caminho. Em 650 a.C., os babilónios tentavam prever os padrões meteorológicos com base nos padrões e movimentos das nuvens. Três séculos mais tarde, Aristóteles escreveu o livro “Meteorologica”, discutindo a formação de fenómenos meteorológicos como a chuva, o granizo, os furacões e os relâmpagos. Grande parte da obra acabou por não estar certa, mas representa uma das primeiras tentativas de explicar em pormenor o funcionamento do tempo.

Só em 1859 é que o Serviço Meteorológico do Reino Unido (Met Office) emitiu a sua primeira previsão meteorológica para a navegação. Dois anos mais tarde, emitiu a sua primeira previsão meteorológica pública. Embora as observações meteorológicas tenham melhorado ao longo do tempo, a grande mudança nas previsões veio com a utilização de modelos numéricos computorizados. Esta só começou a ser utilizada um século mais tarde, na década de 1960. Desde então, as previsões têm vindo a melhorar.

Os modelos numéricos de previsão do tempo melhoraram muito desde os anos 2000, por 3 razões principais: novas tecnologias incluídas nos supercomputadores, onde correm os modelos que simulam a atmosfera, o aumento das estações meteorológicas e sobretudo a utilização de dados de satélite nas condições iniciais dos modelos numéricos.

De acordo com o Met Office, as suas previsões a quatro dias são agora tão precisas como eram as previsões a um dia, há 30 anos.

As previsões dos ciclones tropicais também melhoraram muito. Por exemplo nos Estados Unidos, de acordo com o Centro Nacional de Furacões da NOAA, o "erro de trajetória" dos furacões, especialmente para as previsões a mais longo prazo, diminuiu muito ao longo do tempo.

Erro da previsão dos furacões
Erro médio no local atingido pelos furacões do Atlântico ao longo dos anos (1970 a 2022). As diferentes linhas representam previsões elaboradas a diferentes horas de antecedência, representadas com diferentes cores. Fonte: National Hurricane Center (2023)

Na década de 1970, uma previsão de 48 horas tinha um erro no local atingido pelo furacão cerca de 200 milhas náuticas, mas atualmente, esse erro é de cerca de 50 milhas náuticas. O erro de uma previsão com 72 horas de antecedência nos anos 60 e 70 era superior a 400 milhas náuticas; atualmente, é inferior a 80 milhas náuticas.

Os meteorologistas podem agora fazer previsões bastante mais precisas do local que será atingido por um furacão com três ou quatro dias de antecedência, o que permite às cidades e comunidades prepararem-se, evitando evacuações desnecessárias que poderiam ter sido implementadas no passado.

Evolução notável na qualidade das previsões meteorológicas produzidas pelo ECMWF

O Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo (ECMWF) produz modelos meteorológicos numéricos globais. Embora os serviços meteorológicos nacionais utilizem um processamento de muito maior resolução para obter previsões locais, estes modelos globais constituem um contributo crucial para estes modelos de maior resolução.

O ECMWF para avaliar a qualidade das previsões do seu modelo, utiliza o erro da altura do geopotencial do nível dos 500 hPa (uma medida meteorológica utilizada da pressão atmosférica que determina os padrões meteorológicos).

Erro do modelo do ECMWF
Acerto da previsão da altura do geopotencial do nível dos 500 hPa do modelo do ECMWF para previsões com 3, 5, 7 e 10 dias de antecedência (a cores). Linha a cheio é para o hemisfério norte e a tracejado para o hemisfério sul. Fonte: European Centre for Medium Range Weather Forecasts

As previsões a três dias do modelo do ECMWF têm sido bastante precisas desde a década de 80 e têm vindo a melhorar muito ao longo do tempo. Atualmente, o acerto do modelo do ECMWF é cerca de 97%.

A qualidade das previsões do modelo do ECMWF tem melhorado para períodos de tempo mais longos. As previsões a 7 dias estão quase a atingir atualmente o nível de qualidade das previsões a 5 dias do início de 2000. No entanto, as previsões para 10 dias ainda não atingiram esse patamar, mas estão a melhorar.